segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Cerveja transgênica? Mais um produto para ser rotulado e evitado pelos puristas...

(atualizado em 15 de março de 2014, ver PS ao fim do texto)

Não é nenhuma novidade que boa parte das cervejarias do mundo todo utilizam grãos não maltados para produzir cerveja. Na receita original só entra a cevada, e é o malte da cevada que, teoricamente, produz a cerveja de verdade, de sabor imbatível. Na prática, vários outros cereais, muito mais baratos, têm sido amplamente utilizados, a começar pelo arroz.

No Brasil a adição de cereais não maltados é permitida até uma certa porcentagem. Não somos diferentes de outros países neste aspecto. Mas 100 anos de experiência fazem com que nossa cerveja, mesmo levando arroz, milho e outros cereais, seja muito boa, tanto em gosto quanto em qualidade.

Então, qual é o problema? É que agora 87% do milho brasileiro é transgênico: pode ser milho resistente a insetos, tolerante a herbicidas ou ambas as características juntas. As grandes fábricas compram milhares de toneladas de milho todo ano, não tem forma alguma de comprar só milho não-transgênico. Então, pode-se dizer que toda cerveja produzida em larga escala contém derivado de transgênico. Um estudo da USP sugere que as maiores fábricas empregam até 45% de milho na produção das cervejas mais vendidas no Brasil (http://www.brejas.com.br/blog/08-10-2012/cervejas-populares-nacionais-tem-muito-milho-afirma-pesquisa-usp-12977/)

E isso é um problema? Não, porque todos os milhos transgênicos aprovados no Brasil foram submetidos a uma criteriosa avaliação de risco e têm sido consumidos aqui e em outras partes do mundo sem relato de problemas de saúde humana ou animal (http://genpeace.blogspot.com.br/2012/10/the-largest-experiment-with-human.html ). Apenas os que desconfiam demais da biossegurança dos produtos transgênicos devem evitar as cervejas mais populares e procurar saber se as mais caras também usam milho. Por via das dúvidas, é melhor tomar a cerveja alemã, porque lá é proibida a adição de qualquer cereal que não seja a cevada (que ainda não é transgênica). Entretanto, devem desconfiar das leveduras, que já são transgênicas na produção de uma enorme variedade de vinhos, queijos e outros fermentados. Estas estão vivinhas em muitas bebidas e produtos lácteos...

Em conclusão, se você é por um Brasil livre de transgênicos, logo deverá abandonar a cerveja, os fermentados lácteos e, provavelmente os vinhos, além do cuscuz, da polenta, da canjica e do tabaco de raposa, claro! Sobretudo agora que a grande mídia alardeia o imenso perigo representado pelo milho transgênico resistente a herbicidas, muito plantado no Brasil (para críticas ao artigo fantasioso elevado a arauto do apocalipse pela irresponsável mídia francesa, vejam http://genpeace.blogspot.com.br/2012/09/artigo-que-mostra-o-surgimento-de.html; http://genpeace.blogspot.com.br/2012/09/artigo-sobre-efeito-de-milho.html; http://genpeace.blogspot.com.br/2012/10/pesquisadores-brasileiros-assinam.html ).

PS. Um ano após a publicação do besteirol produzido pelo Séralini e sua trupe, a revista finalmente se retrata e retira o artigo de seu site. A oposição aos transgênicos diz que foi pressão da Monsanto. Conversa: o artigo era uma porcaria sem par desde o início. Agora: que os argumentos usados pelo editor foram fracos, isto não há dúvida! Mas eles refletem a política normal de defender seus revisores. A história dos ratos com tumores derivados da ingestão do milho que nós mesmos comemos às toneladas está em http://genpeace.blogspot.com.br/2013/11/sepultando-um-zumbi-o-artigo-cientifico.htm



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